segunda-feira, 12 de abril de 2010

GLAUCO VILAS BOAS - PARTE II

"E AGORA, 'VEIO'? Só tem espectador, não tem mais palhaço."


A frase, dita com gíria e entre lágrimas por um jovem no enterro de Glauco, no sá¬bado, em São Paulo, resumia a prin¬cipal característica do cartunista e quadrinista, que também era com¬positor e líder religioso, assassinado aos 53 anos junto de seu filho, Raoni, de 25, na madrugada de sexta-feira, em Osasco (SP).

Era o Glauco crítico dos costumes, libertário, algo escatológico e com uma sexualidade evidente e com¬pulsiva, no melhor estilo dos cômi¬cos populares. Mas seu humor via o mundo em grande angular, e os cartuns políticos da página dois do jornal, de opinião, eram igualmente importantes e inspirados.
Na sequência diária surgiram Geraldão, o edipiano dos excessos, Dona Marta, a predadora sexual, o drogado Doy Jorge, o Casal Neu-ras, que discutia a relação e acabou virando quadro do revolucionário humorístico "TV Pirata", o menor abandonado Faquinha, absorvido pelo tráfico, e o visionário chinfrim Zé do Apocalipse, a maioria inspira¬da nos personagens da vida noturna paulistana dos anos 80.

Dos militares aos colloridos, dos tucanos aos petistas, todos foram seu alvo. Inclusive o presidente Luiz Iná¬cio Lula da Silva, que logo após ser
eleito gozava de certa lua de mel com os cartunistas, semelhante à que Barack Obama teria depois com os humoristas norte-americanos. Pois Glauco foi dos primeiros a romper o namoro, resgatando o saudável prin¬cípio de que não há humor a favor
Como os muitos braços e pernas de Geraldão, um de seus persona¬gens mais conhecidos e com o qual era mais identificado, ele tinha vá¬rias outras atividades. Criou a pró¬pria igreja, Céu de Maria, ligada ao Santo Daime, religião à qual se con¬verteu também para deixar de usar drogas. Na versão líder religioso, era ainda compositor e músico. Fez mais de cem canções para os rituais, que acompanhava tocando acordeão.
O Geraldinho foi criado especialmente para a Folhinha, é uma versão do Geraldão durante a infância. O garoto é viciado em refrigerante e sorvete.
Importuna todo mundo e deixa a mãe louca atrás dele em casa.
Cachorrão é seu melhor parceiro, ao lado de um gato felpudo.

O seu trabalho sempre esteve diretamente relacionado a sociedade e ao cenário político da atualidade, sempre se apropriava de acontecimentos marcantes para fazer críticas de forma as vezes sutil outras vezes diretamente, mas sempre com bastante humor e muita criatividade.
Surge então a necessidade de buscar aquele casal moderno, nascido e crescido na cidade grande, cheio de manias e “necessidades” que a vida nos dias de hoje nos proporciona.


Inspirada no primeiro casamento de Glauco, a tira, de 1984, é uma sátira aos casais modernos: uma mulher que não tolera ordens e um homem que posa de liberal, mas morre de ciúmes.



Nas viagens à praia, é comum aparecer o Bichão do Ciúme, uma praga que assombra o marido quando a mulher se assanha.






A série dos anos 1980 é um marco dos quadrinhos, publicada a partir de 1991 no Folhateen. Laerte, Angeli e Glauco estão por trás dos bandoleiros mexicanos que aprontam num cenário psicodélico. Adão Iturrusgarai também colaborou com a tira.
O lado Mistico do altor é revelado nesse personagem.


O profeta tem uma camada de ozônio propria e vende pasteizinhos antropofagos. Anda pelas ruas vociferando idéias malucas, como a previsão de uma chuva torrendial de privadas.

6 comentários:

Antonio disse...

Eu ainda não tinha achado uma matéria sobre ele tão boa!
Parabens a quem escreveu!

Kátia Star disse...

Sinceramente,
eu to muito triste!
E agora, quem vai fazer nossos plins-plins serem felizes?

Alan disse...

Olha só, muito boa a matéria!
Gostei muito!

Rosi Costa disse...

Eu digo o mesmo que muita gente!
O Brasil perdeu muito!

Juuh disse...

É triste! Mas acontece.

Anônimo disse...

Sinceramente,
com todo respeito, eh muito facil vcs ficarem falando que ele era muito bom agora, depois que ele morreu, mas enquanto ele tava vivo, aposto que ngm nem postaria aqui sobre ele.